sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pinheiro




Seu tronco longo e castanho do tempo
Sobe a colina até perder de vista
Veste de verde do pensamento
Trás um amigo lá da crista

Subo a custo esta montanha
Que o tempo me leva a recordar
A vontade de reviver é tamanha
Que tenho medo de acordar

Finalmente cheguei ao cume
E o que vi lá das alturas
O verde que esconde a minha terra
Por onde em tempos fiz diabruras

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Infância



Na escola aprendi a somar
A escrever entre duas linhas
Vinha para o recreio brincar
Com berlindes com estrelinhas

Fizemos alguns magustos
Castanhas bem quentinhas
Depois pregávamos uns sustos
E sujávamos as batinhas

O dia por fim terminava
No coreto no centro da aldeia
Lá longe alguém nos chamava
Era a hora de tomar a ceia

E os dias lá iam passando
Entre a escola e as brincadeiras
Do berlinde ao pião voando
Até ao romper das meias

Depois um banho quentinho
Os deveres bem passados
Na cama já sozinho
Nos lençóis embrulhado

O galo canta já é dia
Esfrego o olho remelado
Lavo a cara junto há pia
Assobio ao amigo ali ao lado

Juntos vamos andando
A escola a nossa nova casa
As mães ficam olhando
A ver-nos esticando a asa

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A minha terra

Nos paços da minha terra
Ergue-se ele majestoso
Fica virado para serra
Esse monumento grandioso

Mosteiro com grande história
Já teve um pouco de tudo
Agora hospital sem vitória
Dos que lá moram sem futuro

Jardins escondem o sofrimento
Dos que um dia aqui vieram parar
Muitos obrigados pelo movimento
De serem ricos para mandar

Olho nos olhos a distância do tempo
Onde aprendi andar de bicicleta
No monte moinhos de vento
Lá em baixo passa a camioneta

Eram horas e horas até cidade
Curvas e lama sempre a correr
Já nem me lembro da idade
Que meus olhos viram sofrer

Hoje recordo com saudade
A escola o coreto e o seu povo
Esta terra escondida no vale
Ainda um dia vai deixar de ser do tolo

Música das Palavras: Gemido de criança...

Música das Palavras: Gemido de criança...